Em um recente webinar esclarecedor, dentro TheCollaborative Comunidade de Prática, exploramos a questão crítica da violência de gênero facilitada pela tecnologia (TF-GBV). Esta conversa teve como objetivo discutir o nexo entre saúde sexual reprodutiva e TF-GBV, lançando luz sobre estruturas, ações e intervenções existentes em vários países da África Oriental. O objetivo era compartilhar aprendizados, identificar ferramentas que precisam ser desenvolvidas e propor soluções adaptáveis. O webinar contou com painelistas ilustres da Tanzânia, Uganda, Ruanda e Quênia, cada um fornecendo uma perspectiva única sobre o assunto.
Assista o gravação completa do webinar e veja os slides do webinar.
A discussão começou com uma visão geral da violência de gênero facilitada pela tecnologia, destacando suas várias formas, incluindo cyberbullying, assédio online, sextorsão, pornografia infantil e tráfico online. Esses comportamentos violentos afetam desproporcionalmente mulheres e meninas, com estatísticas indicando que 85% de mulheres e meninas em todo o mundo testemunharam violência online, e quase 40% a vivenciaram pessoalmente. Essa violência tem impactos emocionais, psicológicos e físicos severos sobre os sobreviventes, destacando a urgência de abordar essa questão.
Bullying cibernético: uma forma de assédio online que visa ameaçar, constranger ou deliberadamente atingir outra pessoa ou grupo de pessoas online. Exemplos incluem postagens, mensagens e comentários maldosos, agressivos ou rudes.
Perseguição cibernética: mentoria persistente e intrusiva de vítimas online. De acordo com a pesquisa, ex-parceiros frequentemente usam mídias sociais para rastrear e assediar vítimas.
Doxing: uma divulgação de informações pessoais on-line com intenção maliciosa, o que pode levar a danos físicos, assédio ou consequências econômicas.
Assédio online: o uso de informações e comunicações para causar danos a outra pessoa, como: mensagens abusivas, ameaças e comentários depreciativos.
Sextorção: a prática de extorquir dinheiro ou favores sexuais de alguém ameaçando revelar evidências de sua atividade sexual online (por exemplo: fotos).
Troca de mensagens sexuais: Enviar e encaminhar mensagens sexualmente explícitas, incluindo fotos.
A Sra. Edith Atim, uma advogada de direitos humanos de Uganda, forneceu um relato detalhado da violência de gênero facilitada pela tecnologia em seu país. De acordo com estatísticas da ONU Mulheres, uma em cada três mulheres em Uganda sofreu violência online. A maioria das vítimas são mulheres jornalistas que enfrentam várias formas de assédio, incluindo perseguição online e cyberbullying. Edith enfatizou a necessidade de intervenções de conscientização e ação, destacando a alfabetização digital limitada como um fator significativo que contribui para a TF-GBV. Ela pediu estruturas fortalecidas e o envolvimento de empresas de tecnologia para mitigar esse problema.
No Uganda, a formação em literacia digital liderada por organizações como a Associação para o Desenvolvimento de Mulheres e Meninas e a Fórum para Mulheres na Democracia ensinar mulheres sobre TF-GBV e autoproteção. Esses treinamentos incluem dicas de privacidade e plataformas de denúncia como SAUTI-116, incluindo um número da Força Policial de Uganda. As campanhas de mídia social também podem aumentar ainda mais a conscientização e equipar as mulheres com habilidades para combater o assédio online. A colaboração com empresas de tecnologia também ajuda a lidar com a VBG online de forma eficaz.
O Dr. Katanta Simwanza da Tanzânia discutiu a natureza dual da tecnologia, notando seu potencial tanto para empoderar quanto para prejudicar. Ele forneceu exemplos de intervenções inovadoras na Tanzânia, como o aplicativo “Sheria Kiganjani” (traduzido; A Lei na Sua Palma), que permite que indivíduos denunciem incidentes de VBG por meio de um número de celular. Este aplicativo faz a triagem de casos e direciona as vítimas para os serviços apropriados. O Dr. Simwanza também compartilhou uma história de sucesso envolvendo uma jovem que usou um sistema de rastreamento móvel para denunciar abusos contínuos, levando a uma ação rápida e apoio das autoridades. Ele enfatizou a importância de modelos de mudança de comportamento e ferramentas digitais para aprimorar a prevenção e a resposta à VBG. Saiba mais sobre Plano de ação da Tanzânia para acabar com a violência contra as mulheres.
Annonciata Mukayitete, de Ruanda, destacou o uso crescente da internet e do celular em seu país, observando os desafios significativos impostos pelas normas socioculturais. Ela se concentrou nas vulnerabilidades das minorias sexuais, que enfrentam assédio online severo, perseguição cibernética, compartilhamento não consensual de imagens íntimas, doxxing e discurso de ódio. Durante sua apresentação, Annonciata fez referência a um relatório, Decodificando TF-GBV pela parceria Generation-G, sobre TF-GBV de 7 países, incluindo Ruanda e Uganda, na região da África Oriental.
Annonciata pediu estruturas legais mais robustas e a inclusão da VBG-FT nas leis nacionais de VBG, defendendo a proteção e o empoderamento de grupos marginalizados.
Dfaça o download do slides de apresentação.
Tonny Olela, do Quênia, forneceu uma visão geral das estatísticas de violência de gênero facilitadas pela tecnologia em seu país e discutiu as várias maneiras pelas quais os indivíduos usam as mídias sociais. Ele destacou várias formas de exploração e abuso sexual online, detalhadas na caixa de chamada acima. Tonny enfatizou a necessidade de conscientização e educação sobre essas questões para evitar que os indivíduos sejam vítimas de tais crimes. Ele compartilhou dicas para uso seguro da Internet e recursos para vítimas de assédio online. Saiba mais sobre as dicas de Tonny em seu slides de apresentação.
O webinar ressaltou a importância de esforços colaborativos para abordar a TF-GBV. Os participantes foram encorajados a compartilhar seus pensamentos e definições de TF-GBV, contribuindo para uma compreensão mais rica da questão. Os painelistas enfatizaram a necessidade de abordagens abrangentes, envolvendo governos, empresas de tecnologia e organizações da sociedade civil.
Phidiliah Rose moderou a parte de perguntas e respostas do webinar. Aqui estão algumas das perguntas abordadas:
Responda: Aproveitando aplicações como bSeguro e Círculo de 6 para alertas de segurança e emergência em tempo real, HarassMap e Safety para relatórios anônimos e coleta de dados, e Espaço de conversação para suporte de saúde mental. Essas ferramentas capacitam os usuários a se protegerem, relatarem TG-GBV e acessarem os recursos necessários.
Responda: Culpar a vítima leva a mais sofrimento emocional, problemas de saúde mental, relutância em denunciar e perda de confiança. O apoio da comunidade é necessário por meio da educação de outros, acreditando e validando as vítimas, fornecendo recursos úteis, promovendo práticas seguras online e defendendo políticas de proteção.
Responda: Para garantir que a Geração Z e outros adolescentes entendam a TF-GBV, abordagens educacionais proativas são necessárias, incluindo programas apropriados para a idade, atividades escolares, jogos interativos e questionários online. Criar espaços seguros para conversas abertas e alavancar plataformas de mídia social como TikTok e Instagram são essenciais. Roteiros de alfabetização digital e programas de extensão universitária podem abordar a TF-GBV. Fornecer recursos detalhados, promover comportamentos online positivos e manter o engajamento contínuo com feedback são estratégias-chave.
O webinar destacou a natureza complexa e generalizada da TF-GBV, enfatizando a necessidade de soluções multifacetadas. Ao compartilhar experiências e insights, os painelistas forneceram um roteiro para abordar essa questão em níveis nacional e internacional. Diálogo contínuo, intervenções inovadoras e esforços colaborativos são essenciais para criar um ambiente digital mais seguro para todos, especialmente mulheres e meninas.